quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Definitivamente não chegou a hora de morrer

É cruel a forma como os acontecimentos vem à tona. Hoje em dia até a morte custa dinheiro. Não pouco, mas se por um acaso não estiver bem financeiramente, tem como solução em um determinado falecimento, fazer o enterro no Cemitério Quinta dos Lázaros. Não seria uma opção tão adequada no período de Outubro à Novembro de 2009, já que 100% das vagas disponíveis para as pessoas de baixa renda estão ocupadas nesse período. Entretanto, cabe afirmar que este cemitério possui mais de 200 anos de existência e de lá para cá registra um grande aumento na procura, enquanto seu espaço físico continua inalterado.

Não sabemos qual a pior situação ou a maior dor. Se é a morte de alguém ou as dificuldades existentes no momento do enterro. Porém, novidade seria se a população mais pobre de Salvador constituisse a minoria nos cemitérios públicos, já que o cemitério Quinta dos Lázaros possui uma parte para a população de maior poder aquisitivo e outra para as pessoas de menor renda. E isso, como todos nós sabemos, não é notícia de capa.

É fato que pessoas de baixa renda se aglomerem nas “filas” do enterro, isto porque são suas únicas oportunidades de aderirem a alguma vaga. Porém, por muita inteligência do Governo, o cemitério Jardim da Saudade, por exemplo, criou uma central de atendimento, conhecido como disk cremação, incentivando às pessoas a cremarem seus parentes para evitar a utilização de uma vaga no cemitério. Vale ressaltar que isso se deu a partir da intervenção do Ministério Público, quando percebeu a quantidade de pessoas no cemitério mais popular da cidade, como o Quinta dos Lázaros.

Errado seria não dizer o quanto o Governo conseguiu ser dinâmico com essa proposta, deixando por opção do parente escolher entre ir aos cemitérios municipais ou cremar estes indivíduos. Cabe ressaltar que a maioria destes cemitérios, por incrível que pareça, estão localizados nos bairros periféricos de Salvador. Quando a assunto é somente a cremação, é necessário colocarmos a seguinte observação: Antigamente somente pessoas de alto poder aquisitivo poderiam cremar seus entes queridos. Era uma maneira de resgatar momentos, recordações, guardando o pó dessas pessoas. Entretanto, por vontade própria do Ministério Público, a cremação atualmente possui uma tendência a se tornar uma coisa rotineira, já que está envolvida como solução principal para a diminuição de enterros nos cemitérios por falta de áreas disponíveis.

Portanto, é melhor tomarmos muito cuidado a qualquer tipo de situação. As soluções vem e voltam, os acontecimentos vem e jamais retornam. O que muitos chamam de inevitável, outros chamam de inigualável, já que a morte mesmo sendo o único acontecimento no mundo que consegue deixar no mesmo patamar ricos e pobres, não consegue igualar nós seres humanos nem no momento do enterro. Assim, é necessário afirmarmos que enquanto toda essa situação permanecer, definitivamente não chegou a hora de morrer.

2 comentários:

  1. “A Antimatéria surgiu da vontade de ter um espaço onde vários colaboradores pudessem se expressar livremente formando um mosaico de conteúdos, mantendo o estilo e a subjetividade próprios do autor do texto. Democratização espacial é o foco da Revista”, http://www.revistaantimateria.blogspot.com

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  2. Vlw amigo... Vou dar uma passada lá sim! BeeijO

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